quarta-feira, 30 de abril de 2008

Manuel Cajuda: "Não nos interessa ficar em terceiro", e deixa "bocas" pros rivais de Lisboa!

No primeiro dia de trabalho depois da goleada esmagadora do FC Porto, Manuel Cajuda passou uma hora no balneário a reconstruir a ambição do plantel. Deu-lhe mais uns retoques no relvado e, depois do treino, estendeu a palestra à sala de Imprensa, onde fez questão de deixar claro que o Guimarães não morreu para o campeonato com a queda para o terceiro lugar, que também dá acesso à Liga dos Campeões, mas não chega para sossegar a sensação da temporada. "Não nos interessa ficar em terceiro. Continuamos a lutar pelo segundo lugar".

Como é possível olhar para cima, depois de um resultado tão mau? Cajuda explicou. Primeiro, há que reconhecer que "não foi mau": "Foi muito mau". Foi "uma derrota justa" e "podia ter sido mais penalizante", mas, essa é apenas uma parte da questão. Por sinal, a pior. O resto, "as consequências", será o que o Guimarães quiser. "De todas as situações negativas na vida se retira algo de útil" e esta "não foi mais do que uma derrota, por números muito violentos". A "profunda desilusão" que sobrou da jornada 28 é proporcional a "tudo o que de bom" foi feito pela equipa que emergiu da LIga Vitalis para se intrometer entre "dois colossos", Sporting e Benfica, na luta pelo acesso directo à Liga dos Campeões. "Num país habituado a dramas", o Guimarães quer continuar a fazer a diferença. "Não vejo motivos para deixar de lutar", reiterou o técnico, para quem a goleada "só é anormal pelo valor que o Vitória mostrou ao longo da época". Só dói "por acreditar que tem capacidade para mais" e, perante isso, sobra vontade de mostrá-lo, em campo, nos 180 minutos finais da época. "Estamos na luta e não abdicamos".

Os números impostos pela "equipa maravilha" de Jesualdo Ferreira não dizem tudo do Guimarães. "A seguir ao FC Porto, fomos os primeiros a garantir o apuramento para uma competição europeia", lembrou: "Não tenho uma equipa de milhões. Tenho uma equipa de tostões que, se não fosse por um golo, ainda era a que estava mais próxima do FC Porto". "Neste país há sempre quem queira sofrer demais". Cajuda escolheu outro caminho para o Guimarães.


Golo fora-de-jogo e penálti

Cajuda diz ter "um discurso diferente" no que respeita aos árbitros, mas não deixa de referir alegados erros que contribuíram para, "depois do 2-0", contra o FC Porto, o Guimarães "desmoronar". "Repare que não falo do segundo golo, obtido em fora-de-jogo, nem que quando está 2-0 há um penálti por marcar, e não é porque não tenha acontecido", referiu, para explicar que "só com a noção exacta de que se falhou se cresce". De resto, dispensa o tema a que o Benfica deu destaque, num ataque ao Sporting: "Os outros que se entendam. Se a guerrinha agora pode ser entre os dois, que seja". Prefere "a da classificação": "Nessa, farei tudo".


"Vitória até morrer" vai ficar nos ouvidos

Quem não acredita que pode haver coisas "fantásticas"até na pior das derrotas devia ter estado, domingo, no D. Afonso Henriques. "Aos 4-0, ouvir o público de Guimarães a gritar 'olé, olé, Vitória até morrer!'… é coisa que, nos próximos 20 anos, não me vai sair dos ouvidos", contou Cajuda, tão rendido que até se baralhou: "Num espectáculo de 30 mil pessoas, se tivessem saído cinco mil, nos últimos 15 minutos, ficaram ainda… ora… cinco quintos, não é? Cinco sextos. Já pareço o Guterres… Ficou, seguramente, a maior parte delas".

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