
«Lisandro López é um especialista. Mas não é exactamente um especialista em golos como indicam os seus números sorridentes destes dias. A sua verdadeira especialidade futebolística é pisar um terreno para gerar o que não estava: um espaço onde não havia espaço, uma velocidade onde tudo era lento, uma surpresa onde faltava a estupefacção, um drible no meio de nada, uma cabeçada entre dez cabeças, uma canhota quando se entende como dextro, uma direita mas desde a esquerda».
Ariel Scher, reputado jornalista e autor argentino, descrevera Lisandro López na perfeição, em Dezembro de 2004. Consagrado como melhor marcador do Torneio Clausura, com a camisola do Racing Avellaneda, o jovem avançado tornara-se o orgulho de Rafael Obligado. A pequena localidade, com apenas 900 habitantes, abraçava um herói acanhado, avesso à exposição pública.
Número 10 sem pulmão
Aos 25 anos, «Licha» compensou o arranque tardio e consagrou-se como goleador no F.C. Porto. Figura central na conquista do tricampeonato, poucos imaginariam que o avançado teimava em ser número 10 até atingir a maioridade. Quando chegou ao Racing, aliás, era apenas mais um miúdo com talento a praticar futebol de forma amadora. Faltava-lhe pulmão. Agora, tem para dar e vender.
Lisandro López aterrou em Portugal no início da época de 2005/06 e ficou na sombra de Lucho. Aliás, os companheiros garantem que a dupla não se desfaz, mesmo fora dos relvados. O avançado refugia-se na pesca e na tranquilidade sempre que possível, comprovando o seu carácter introvertido. Dentro das quatro linhas, é um leão. Lá fora, esconde as garras.
Goleador à moda de Curly
«Licha» soltou amarras ao longo da presente temporada, ultrapassou a barreira dos 20 golos e prepara-se para conquistar o título de goleador da Liga portuguesa. Nos festejos, atinge o apogeu de exuberância momentânea quando imita Curly, uma figura histórica dos cómicos Três Estarolas, que divertem o jogador desde sempre.
Portugal rendeu-se ao seu futebol, parte da Argentina também. Bilardo, técnico que orientou Maradona na conquista do Mundial de 1986, é um dos maiores adeptos de Lisandro, mas não está sozinho. O jogador do F.C. Porto vai aparecendo na selecção da Argentina desde 2005, com a média de uma convocação por ano. Merece mais.
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