
Não esperava certamente o F.C. Porto que fosse tão fácil chegar ao Jamor (0-3). Na pior exibição da época, o Vitória cometeu erros a mais para a consistência e regularidade que já demonstrou. Nem Eduardo, um dos melhores da temporada portuguesa, escapou à derrocada. Esperava-se mais dos vencedores da Carlsberg Cup. Já os dragões mostraram a espaços por que conquistaram o «tri».
Fiéis às origens. Vitória de Setúbal e F.C. Porto não renegaram estilos e entraram em campo, no Bonfim, com as estratégias de sempre. Os sadinos à espera do erro contrário, escondidos no seu meio-campo, apenas aumentando em algumas fases a pressão no miolo, para empurrar o Dragão para trás e também chegar à baliza de Nuno. Pitbull era referência para tudo: flancos, meio, bolas paradas, bola corrida. A equipa de Jesualdo Ferreira tinha vontade em ter a bola, procurando os «esticões» de Bosingwa, Lisandro, Tarik e Quaresma nas faixas, bombeados pelo coração da equipa, o argentino Lucho González.
Os sadinos não resistiram ao ambiente fantástico dos primeiros minutos, aos gritos de lá para cá das bancadas de «Vitória, Vitória» e tiveram dez minutos de boa pressão sobre a área contrária. O tricampeão, depois de um início com bola, sentia dificuldades em aguentar a boa fase dos visitados, que, mesmo assim, só criaram uma verdadeira oportunidade. Um desvio de Pedro Emanuel, após remate do sempre perigoso Pitbull, por pouco não colocou os dragões com uma desvantagem perigosa no marcador (8 m).
Essa atitude contagiante, de parte a parte, esmoreceu pouco depois. O Vitória baixava as linhas e sentia muitas dificuldades nas transições para o ataque. Depois de uma ou duas ameaças - a mais evidente pouco tempo antes, com Auri a salvar após slalom de Bosingwa e remate «à queima» de Lucho (35 m) -, surgia o golo, premiando a equipa que menos se escondeu em campo. Canto da esquerda, a bola chega velozmente ao segundo poste. A cobiça de Lisandro López forçou ao erro de Jorginho, que faz o golo contranatura (37).
De salvador a culpado
A equipa de Jesualdo soltou-se, querendo justificar que não tinha sido um acidente e, logo depois, criou a melhor jogada do encontro. Quaresma isolou Lisandro pela esquerda e o argentino passa na perfeição para o poste contrário, onde aparece Tarik. Em vez de rematar, o marroquino deu um toque para trás e Lucho atirou de primeira, para defesa de Eduardo. A bola voltou a sobrar para Lisandro ainda na área, sobre a esquerda, mas o remate foi cortado por Ricardo Chaves. Podia ter acabado ali, num golo monumental de Lucho, mas o destino far-lhe-ia justiça depois.
Um autogolo e um «frango» não eram o melhor punchline para o que o F.C. Porto tinha feito em campo, em alguns momentos, sobretudo depois do equívoco de Jorginho. Os lamentos de Eduardo, uma das figuras do campeonato, chegariam logo no início da segunda parte, aos 51 minutos. A péssima finalização de Lucho só encontrou correspondência no desastrado voo do guarda-redes, que deixou a bola passar por baixo, entregando de vez a eliminatória.
Lucho agradeceu, mas quis um melhor
Fez-se justiça, à passagem da hora de jogo. Aquela justiça de que o jogo merecia um grande golo. Um erro de Janício permitiu que Quaresma fizesse a «tapinha» para a zona frontal, onde o pé direito de El Comandante deu à bola o destino previsível, mas sonoro de um golo fantástico. Bola no canto inferior direito, enrolada, sem hipótese desta vez para Eduardo (60 m).
O Vitória não baixou os braços. Quase sempre por Pitbull, em todos os sítios do campo, tentou, tentou e tentou. Apesar das tentativas, Nuno teve trabalho a menos para uma visita tão complicada como esta. O F.C. Porto parece longe de estar saciado. Segue-se a final da Taça. Será a dobradinha?
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