







Quantos hectares ardem em portugal de verão:Portugal tem a pior performance da Europa do Sul no combate aos incêndios. Em 2005, apesar de não ter tido a maioria do número de ocorrências dessa região (que inclui ainda Espanha, Itália, Grécia e França Mediterrânica), a mais problemática em termos de fogos florestais, teve 57% da área ardida. O que significa que ardem mais hectares nos incêndios em Portugal. Espanha, por exemplo, teve 36% do número de fogos, mas apenas 31% da área ardida.
O relatório de 2005 - publicado pelo Centro Comum de Investigação (CCI) da Comissão Europeia no âmbito do projecto Sistema Europeu de Informação em Fogos Florestais (EFFIS) - assinala, por exemplo, os "excelentes resultados" alcançados pela Itália na área da prevenção de fogos florestais e no sistema de combate. Nesse ano, arderam nesse país 47 575 hectares, o que representa face a 2003 uma redução da ordem dos 48%. A média de cada incêndio do país é inferior a 6 hectares. Em Portugal, é de 9,5 e na vizinha Espanha apenas de 6,85 hectares.
Os números não dão conta de uma situação totalmente desconhecida, mas revelam uma dimensão preocupante: só Portugal ultrapassou em 2005 a média dos últimos 25 anos (de 1980, primeiro ano com registos, até 2004). Mas a situação é ainda pior quando comparados os números do ano passado com a média da última década: houve um aumento de um terço no número de incêndios e de 77% na área ardida. Foi, aliás, o ano com maior número de ignições desde 1980. Registaram-se 35698 incêndios, que correspondem a 338 262 hectares ardidos.
O drama dos incêndios, refere o relatório do CCI, aconteceu num ano de grande seca. O projecto EFFIS, para além do mapeamento de áreas ardidas através de imagens de satélite, tem também uma componente de previsão, através da publicação diária de mapas de risco. Nesse âmbito e referente ao período dos últimos cinco anos, foi possível verificar que o risco de incêndio foi maior em 2005, quando comparado com os anos anteriores. A seca severa que afectou a grande maioria do território português tem assim, assinala o documento, um papel na dimensão dos incêndios, já que "durante 11 meses consecutivos, o nível de pluviosidade foi quase insignificante ou muito abaixo dos valores normais".
Mas Portugal não foi o único país com problemas graves de seca, ainda que tenha sido o mais afectado. De acordo com o relatório de 2005, "Portugal e Espanha, em particular, enfrentaram condições meteorológicas severas no início da estação e novamente em Julho e Agosto". No país vizinho, 2005 foi o pior ano da última década em termos de número de incêndios, mais ainda melhor que 2000 no que diz respeito a área ardida. Com perto de 180 mil hectares consumidos pelas chamas, em pouco mais de 26 mil fogos, Espanha foi também "significativamente influenciada" pelas condições de "seca acumulada".
O objectivo do projecto EFFIS é fornecer informação para a protecção de florestas contra os incêndios, harmonizando os dados no território europeu. Em 2005, foram emitidos mapas de risco desde 1 de Maio até 31 de Outubro, e enviados às autoridades competentes dos vários estados-membros.
combate aos fogos em Portugal continua a ser ineficaz!!Os fogos deste mês estão a devastar sobretudo concelhos que, na última década e meia, quase estiveram imunes às chamas. Uma situação que acaba por demonstrar que a situação actual é mais grave do que aparenta. E que a eficácia do combate aos incêndios até piorou, dado que as regiões de maior risco estão agora em "pousio", livres de incêndios, devido à destruição sofrida nos últimos anos.
Embora não existam ainda dados actualizados sobre a área já afectada na última semana, torna-se notório que de entre os incêndios mais duradouros quase todos têm atingido municípios que, em anos anteriores, quase não conheciam de forma dramática a cor do fogo e o cheiro a carvão. O exemplo mais evidente aconteceu na serra de Ossa, onde os concelhos que a envolvem se encontravam na cauda dos incendiáveis. Com efeito, no período 1990-2005, de entre os 278 concelhos de Portugal Continental, Estremoz ocupava a posição 272, com apenas 0,3% do seu território afectado pelas chamas. Borba e Redondo estavam, respectivamente, nas posições 271 e 233.
Mas, mesmo nos distritos que em outros anos tiveram incêndios graves, os concelhos que agora estiveram a arder - em alguns casos mais de 24 horas - habitualmente não apresentavam destruições maciças. Paredes, por exemplo, embora seja o município com maior número de fogos do País (na última década registou mais de 800 ignições por ano), ocupava na lista dos incendiáveis apenas a posição 73.
http://youtube.com/watch?v=4AeI-PUNGN0